O Corinthians lançou nesta terça-feira (19) um vídeo que promove o time como uma religião, fazendo comparações com símbolos do cristianismo, como a crucificação de Jesus Cristo, o batismo e a oração.
A campanha “Corinthianismo – Fiel até o fim”, criada pela agência F/Nazca Saatchi & Saatchi, apresenta o torcedor não apenas como fã do esporte, mas como um peregrino que segue uma doutrina religiosa.
O vídeo usa símbolos do cristianismo em diversos momentos: um homem carrega uma bandeira semelhante à cruz no campo de futebol, enquanto outro é crucificado na trave. Mãos são cravadas pelos 23 anos em jejum de títulos, um homem é batizado, orações são feitas ao time e o ídolo do Corinthians, Sócrates, ganha um altar com sua imagem.
As pessoas que participam das cenas não são atores, e sim personagens reais que fazem parte da torcida fervorosa do Corinthians.
O corinthianismo ainda conta a oração do “Corinthians Nosso”, “dez mandamentos” cravados em pedra instalada no estádio, santinhos entregues para torcida e terço próprio. No site da campanha, há uma vela que o torcedor pode acender para mandar sua “energia positiva” e um confessionário digital, onde são compartilhados testemunhos de sacrifícios pelo time.
Torcedor é batizado em campanha que promove Corinthians como uma religião. (Foto: Reprodução/Corinthians)
Idolatria do futebol
Promover o Corinthians como uma religião, distorcendo símbolos cristãos, mostra que não se trata apenas de futebol, de acordo com o pastor Jackson Jacques. “Não é só futebol. Nunca foi. Nunca será! É culto! É adoração! É um falso deus usurpando o que não lhe pertence”, disse na terça em publicação no Facebook.
“O Corinthians teve a coragem de registrar em vídeo o que os times de futebol são para o brasileiro: deuses. O futebol no Brasil é a manifestação de uma espiritualidade com morte, enterro e ressurreição”, avaliou o pastor. “Milhões e milhões de dólares são movimentados em nome da fé. Sacrifícios, ofertas, orações, louvores, missões… tudo em nome de ver o seu time sendo conhecido e adorado em toda a terra”.
Jackson observa que o Corinthians tenta promover uma nova espiritualidade com velhas mentiras, apresentando “um deus que não ama, não cuida, não salva e não acalenta”. Ele também destacou o versículo Êxodo 20:3, que diz: “Não tenha outros deuses diante de mim”.
“Amo o futebol quando ele é apenas futebol ou quando no máximo se propõe a ecoar e refletir a beleza do Criador. Porém, quando chama para si os holofotes e os adoradores, o futebol se torna medonho e nojento. Aqueles que não denunciam veementemente essa ânsia do culto a si, irão ao inferno de fogo e tormentos eternos, da onde nenhum deus – seja ele Grêmio, Corinthians, Flamengo ou Palmeiras – poderá os livrar”, finalizou.