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Crer e ter fé é a mesma coisa?

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A ‘fé’ como mandamento (doutrina, querigma, evangelho) antecede o crer, por isso é dito que a fé é dom de Deus (Efésios 2.8).


Crer e ter fé é a mesma coisa?

Introdução

Apesar do aviso do irmão Tiago, muitos ainda se propõem a ensinar as Escrituras.

“MEUS irmãos, muitos de vós não sejam mestres, sabendo que receberemos mais duro juízo.” (Tiago 3.1).

O cristão é passível de cometer muitos erros (tropeçar em muitas coisas), mas com relação ao evangelho não pode cometer erros, pois pode trazer condenação sobre si mesmos e induzir outros.

“Porque todos tropeçamos em muitas coisas. Se alguém não tropeça em palavra, o tal é perfeito, e poderoso para também refrear todo o corpo.” (Tiago 3.2).

O alerta é claro:

“De quanto maior castigo cuidais vós será julgado merecedor aquele que pisar o Filho de Deus, e tiver por profano o sangue da aliança com que foi santificado, e fizer agravo ao Espírito da graça?” (Hebreus 10.29).

Com relação ao ensino, nem Jesus podia tergiversar.

“E sei que o seu mandamento é a vida eterna. Portanto, o que eu falo, falo-o como o Pai mo tem dito.” (João 12.50).

 

Ter fé é estar ‘sintonizado’?

Para o leitor ter noção do quanto é sério ser mestre, e dos perigos em utilizar ilustrações acerca de um tema bíblico, analisaremos o seguinte texto disponível na internet:

“Crer e ter fé é a mesma coisa? Normalmente a uma certa confusão entre o significado de ‘ter fé’ e ‘crer’. A palavra fé vem do grego ‘pistis’ cujo verbo correspondente é ‘pisteuein’, que significa literalmente ‘ter fé’, e a sua correlata latina é ‘fides’. Tanto ‘pistis’ como ‘fides’ significam primariamente fidelidade e tem o sentido de harmonia, sintonia, etc. Um exemplo esclarecedor é a comparação do rádio com a fé, pois o aparelho só poderá receber o ‘som’ se estiver sintonizado na mesma frequência da estação transmissora. Se a emissora de rádio transmite na frequência 1000 o rádio só vai tocar se estiver sintonizado na mesma frequência 1000. Assim meu aparelho de rádio ‘tem fé’ estar sintonizado, e quando é sintonia é bem ajustada, a chamada ‘sintonia fina’, denomina-se alta fidelidade de transmissão. Ter fé é estar sintonizado com Deus. Tiago 2.19 diz que os demônios creem em Deus, ou seja, acreditam em que Deus existe, mas não significa que eles tenham fé. Crer é acreditar e ter fé é estar sintonizado com Deus. No tão belo e citado versículo de João 3.16 diz que ‘todo aquele que crê (pisteuein) será salvo’. Temos aqui um exemplo da dificuldade que a língua portuguesa tem para traduzir o verbo ‘pisteuein’ (ter fé). Na língua portuguesa não temos nenhum verbo derivado do substantivo fé e por isso os tradutores foram obrigados a recorrerem ao verbo crer. João quer dizer que aquele que tiver fé em Cristo será salvo e não somente aquele que acredita que ele existe, mas tem que estar harmonizado, sintonizado com Ele. Não basta somente que crer que Deus existe, acreditar Nele, a Bíblia vai além, exige que tenhamos fé ou seja harmonia, sintonia com o Salvador.” Postado pelo Pr. Cleber Barros no Portal ISET – Instituto Superior de Estudos Teológicos < http://iset-teologia.blogspot.com/2009/03/crer-e-ter-fe-e-mesma-coisa.html >. Consulta realizada em 03/04/19.

É difícil determinar quem fez alusão à ideia de que ter fé é estar ‘sintonizado com Deus’, e fez uso da parábola do receptor do rádio para explicar a diferença entre crer e fé, porém, o portal espirita do Centro de Estudos Espíritas Paulo Apóstolo, atribui ao professor, filósofo e humanista brasileiro, Huberto Rohden, tal comparativo no livro “A Mensagem Viva do Cristo”.

“Para o ilustre filósofo, aí está um dos maiores problemas que em muito vem prejudicando a teologia e, para explicar a diferença de significado entre uma coisa e outra, estabelece ele o seguinte paralelo ilustrativo: “Um receptor de rádio só recebe a onde eletrônica emitida pela estação emissora, quando o receptor está sintonizado ou afinado perfeitamente com a frequência da emissora. Se a emissora, por exemplo, emite uma onda de frequência 100, o meu receptor só reage a essa onda e recebe-a quando está sintonizado com a frequência 100. Só neste caso, o meu receptor tem fé, fidelidade, harmonia; fideliza com a emissora”. Dentro desse contexto, “se o espírito humano não está sintonizado com o espírito de Deus, ele não tem fé, embora talvez creia. Esse homem pode, em teoria, aceitar que Deus existe e, apesar disso, não ter fé. Ter fé é estar em sintonia com Deus, tanto pela consciência como também pela vivência, ao passo que um homem sem sintonia com Deus pela consciência e pela vivência, pela mística e pela ética, pode crer vagamente em Deus. Crer é um ato de boa vontade; ter fé é uma atitude de consciência e de vivência”, argumenta o professor Rohden.” Equipe Consciesp < http://www.ceef-pr.org/a-diferenca-entre-crer-e-ter-fe/ > Consulta realizada em 03/04/19.

Sem entrar no mérito de quem plagiou quem, ou quem se inspirou em quem, temos que verificar se os argumentos apresentados são bíblicos ou não.

 

Fé πιστις (pistis) e crer πιστευω (pisteuo)

Os termos πιστις (pistis) e πιστευω (pisteuo) são respectivamente substantivo e verbo. Temos o substantivo pistis, traduzido por fé, e o verbo pisteuo, traduzido por crer, isto porque o radical do vocábulo latino ‘fé’ não flexiona para compor um verbo, e em função disso, os lexicógrafos lançaram mão de outro verbo latino credere, para traduzirem o verbo πιστευω (pisteuo), compondo assim o verbo crer.

Com relação a tradução dos termos gregos πιστις (pistis) e πιστευω (pisteuo), tanto o Pr. Cleber Barros, quanto a Equipe Consciesp, estão corretos, entretanto, ambos se equivocam na conclusão.

A definição da Equipe Consciesp é uma inferência proveniente do significado que atribuíram a palavra grega pistis, que originalmente significava harmonia, sintonia, consonância. Daí a conclusão:

“Se o espírito humano não está sintonizado com o espírito de Deus, ele não tem fé, embora talvez creia”.

O Pr. Cleber segue a mesma linha de pensamento:

“Não basta somente que crer que Deus existe, acreditar Nele, a Bíblia vai além, exige que tenhamos fé ou seja harmonia, sintonia com o Salvador”.

 

‘Fé’ e ‘ter fé’

O Dicionário bíblico Strong assim define fé:

“4102 πιστι ς pistis de 3982; TDNT – 6:174,849; n f 1) convicção da verdade de algo, fé; no NT, de uma convicção ou crença que diz respeito ao relacionamento do homem com Deus e com as coisas divinas, geralmente com a ideia inclusa de confiança e fervor santo nascido da fé e unido com ela 1a) relativo a Deus 1a1) a convicção de que Deus existe e é o criador e governador de todas as coisas, o provedor e doador da salvação eterna em Cristo 1b) relativo a Cristo 1b1) convicção ou fé forte e benvinda de que Jesus é o Messias, através do qual nós obtemos a salvação eterna no reino de Deus 1c) a fé religiosa dos cristãos 1d) fé com a ideia predominante de confiança (ou confidência) seja em Deus ou em Cristo, surgindo da fé no mesmo 2) fidelidade, lealdade 2a) o caráter de alguém em quem se pode confiar” Dicionário bíblico Strong.

Geralmente quando se pensa o termo fé, a primeira definição utilizada é a convicção de alguém acerca de algo, ou seja, diz de uma disposição subjetiva do indivíduo. Exemplo: convicção de que Deus existe.

Entretanto, no Novo Testamento, principalmente nas cartas do apóstolo Paulo, o significado mais utilizado para o substantivo fé é o de mensagem, querigma, doutrina.

“Pelo qual recebemos a graça e o apostolado, para a obediência da fé entre todas as gentes pelo seu nome,” (Romanos 1.5);

“Primeiramente dou graças ao meu Deus por Jesus Cristo, acerca de vós todos, porque em todo o mundo é anunciada a vossa fé.” (Romanos 1.8);

“Isto é, para que juntamente convosco eu seja consolado pela fé mútua, assim vossa como minha.” (Romanos 1.12).

‘Fé’ no sentido de convicção não se invoca obediência, mas o anuncio de uma mensagem requer obediência de quem foi alcançado. A fé que é anunciada não diz de uma disposição subjetiva, antes refere-se a um querigma a ser anunciado, pregado. A fé mutua não se refere as questões subjetivas dos indivíduos, mas a uma doutrina objetiva divulgada a todos os homens.

Os três versos citados da epístola aos Romanos demonstram que o substantivo ‘fé’ não se trata de convicção, acreditar, que é questão subjetiva, antes trata da verdade do evangelho, uma doutrina a ser anunciada, portanto, objetiva.

A má leitura do substantivo fé, muitas das vezes, subvertem o sentido da definição de fé apresentada pelo escritor aos Hebreus:

“ORA, a fé é o firme fundamento das coisas que se esperam, e a prova das coisas que se não veem.” (Hebreus 11.1).

A fé é o fundamento firme daquilo que se espera, e não o que se espera. Pela má compreensão, há tradutores que vertem o verso 1, de Hebreus 11, como se a fé fosse a certeza das coisas que se esperam.

“ORA, a certeza das coisas que se esperam, e a prova das coisas que se não veem.” (Hebreus 11.1).

Sem o fundamento, que é a fé, a certeza é inócua. Sem Cristo, que é a pedra angular, o firme fundamento, é inócuo esperar ser salvo “Alcançando o fim da vossa fé, a salvação das vossas almas.” (1 Pedro 1.9).

“Para que a vossa fé não se apoiasse em sabedoria dos homens, mas no poder de Deus.” (1 Coríntios 2.5).

Cristo é a fé, o firme fundamento dos apóstolos e dos profetas, para aqueles que esperam a salvação “Edificados sobre o fundamento dos apóstolos e dos profetas, de que Jesus Cristo é a principal pedra da esquina;” (Efésios 2.20).

A convicção do indivíduo se não estive alicerçada no fundamento não produz salvação, pois o que é poderoso para salvação é o evangelho (Romanos 1.16; Efésios 1.13), a fé que foi dada aos santos (Judas 1.3).

E ‘ter fé’ é o mesmo que ‘fé’ (doutrina, querigma, evangelho)? Depende do contexto em que é utilizado o ‘ter fé’!

A fé que os cristãos das doze tribos da dispersão tinham diz do evangelho, pois é a fé (mensagem) de nosso Senhor Jesus Cristo. Quem tem o evangelho (fé) não pode fazer acepção de pessoas, pois acepção é contrário a mensagem do evangelho. A fé nesse contexto não é do individuo, antes pertence ao Senhor Jesus ‘… a fé de nosso Senhor…”.

“MEUS irmãos, não tenhais a fé de nosso Senhor Jesus Cristo, Senhor da glória, em acepção de pessoas.”  (Tiago 2 : 1).

Mas, dependendo do contexto, o substantivo fé pode significar crer, acreditar, convicção:

“Para que a vossa fé não se apoiasse em sabedoria dos homens, mas no poder de Deus.” (1 Coríntios 2.5).

Nesse versículo, fé tem o significado de crer, acreditar, ter convicção, vez que ‘poder de Deus’ significa evangelho, fé.

 

Crer e ter fé é a mesma coisa?

Contrariando o Pr. Cleber, que disse que “normalmente a uma certa confusão entre o significado de ‘ter fé’ e ‘crer’”, conforme o exposto acima, verifica-se que não se trata de uma certa confusão, mas de uma grande confusão.

Conforme demonstrado, a definição do Pr. Cleber é equivocada: “A palavra fé vem do grego ‘pistis’ cujo verbo correspondente é ‘pisteuein’, que significa literalmente ‘ter fé’, e a sua correlata latina é ‘fides’”. Embora o termo fé vem do grego ‘pistis’, e o seu verbo correspondente seja ‘pisteuein’, somente o contexto no qual o termo ‘fé’ e ‘ter fé’ são utilizados podem determinar o seu significado.

O professor, filósofo e humanista brasileiro, Huberto Rohden, citado pela Equipe Consciesp, com relação a história do trabalho dos lexicógrafos ao verterem o termo ‘pistis’ para as línguas neo latinas — português, espanhol, italiano, francês, romeno – está correto, porém, a definição utilizada para o termo não está em consonância com as Escrituras.

“Ora, a palavra pistis ou fides significa originariamente harmonia, sintonia, consonância.” Apud Equipe Consciesp.

Os termos hebraicos[1] אמונה (’emuwnah) ou (forma contrata) אמנה (’emunah) e אמון (’emuwn) significam firmeza, fidelidade, estabilidade, ou indicam a qualidade do que é fiel e confiável, o que corresponde ao significado dos termos gregos πιστις (pistis) e πιστευω (pisteuo).

Quando lemos: “Esta palavra é fiel e digna de toda a aceitação;” (1 Timóteo 4.9), a qualidade do evangelho, que é fiel, confiável אמנה (’emunah) é o que estabelece o aceitar, crer, acreditar אמונה (’emuwnah).

Quando foi dito: “Porque todas quantas promessas há de Deus, são nele sim, e por ele o Amém, para glória de Deus por nós.” (2 Coríntios 1.20), é do termo ‘amém’ אמן[2] (’aman) que decorre אמונה (’emuwnah).

Ao utilizar os termos gregos πιστις (pistis) e πιστευω (pisteuo), os apóstolos não tinham em mente a ideia atribuída ao termo grego harmonia, sintonia, consonância, e sim a ideia do termo hebraico que se refere a fidelidade, firmeza, estabilidade.

Quando Huberto Rohden, citado pela Equipe Consciesp, diz: “se o espírito humano não está sintonizado com o espírito de Deus, ele não tem fé, embora talvez creia.”, equivoca-se completamente.

Primeiro, não há na Bíblia qualquer alusão a ideia de o espírito humano estar ‘sintonizado’ com o espírito de Deus. Tal assertiva não passa de uma tentativa de espiritualização de uma questão objetiva. Com essa ideia, estar ‘sintonizado’ com o espírito de Deus pode ser interpretado ao bel prazer de um líder religioso, como: dar esmolas, promover ações humanitária, ser caridoso, fazer meditação, fazer orações, repetir rezas, anunciar imprecações, etc.

Segundo, na colocação de Rohden, o crer nunca é suficiente, pois jamais se tem a fé. A Bíblia demonstra que quem crer em Cristo como Senhor será salvo, ou seja, crer é suficiente para salvação, mas os religiosos sempre vão acrescentar ao crer um quê de ‘atitude de consciência e de vivência’.

O quer diz as Escrituras? “Porque a Escritura diz: Todo aquele que nele crer não será confundido.” (Romanos 10.11), de modo que: “Porque Deus amou o mundo de tal maneira que deu o seu Filho unigênito, para que todo aquele que nele crê não pereça, mas tenha a vida eterna.” (João 3.16).

Crer é obedecer, algo objetivo, diferente da ideia de ter harmonia, sintonia, consonância, que é algo subjetivo. Crer é obedecer a um mandamento específico, a fé que foi dada aos santos (Judas 1.3). Este é mandamento da fé (doutrina) que foi dada aos santos:

“E o seu mandamento é este: que creiamos no nome de seu Filho Jesus Cristo, e nos amemos uns aos outros, segundo o seu mandamento.” (I João 3.23).

Quem crê que Jesus é o Filho de Deus cumpre o mandamento de Deus, de modo que tem em si mesmo o testemunho de Deus, ou seja, a fé.

“Quem crê no Filho de Deus, em si mesmo tem o testemunho; quem a Deus não crê mentiroso o fez, porquanto não creu no testemunho que Deus de seu Filho deu. E o testemunho é este: que Deus nos deu a vida eterna; e esta vida está em seu Filho.” (1 João 5.10-11).

O Pr. Cleber Barros segue a mesma linha de pensamento do filósofo Humberto quando diz: “Ter fé é estar sintonizado com Deus. Tiago 2.19 diz que os demônios creem em Deus, ou seja, acreditam em que Deus existe, mas não significa que eles tenham fé. Crer é acreditar e ter fé é estar sintonizado com Deus.” Cleber Barros.

Crer é obedecer, diferente da ideia de ‘estar sintonizado com Deus’. A citação de Tiago 2, verso 19, demonstra a enormidade do equívoco da definição de que fé é sintonia.

Por que o irmão Tiago afirmou que os demônios creem em Deus?

“Tu crês que há um só Deus; fazes bem. Também os demônios o creem, e estremecem.” (Tiago 2.19).

Porque os interlocutores de Tiago diziam que criam em um só Deus. Que adianta dizer que crê em um só Deus se não faz o que Ele ordena?

“NÃO se turbe o vosso coração; credes em Deus, crede também em mim.” (João 14.1).

Os judeus afirmavam que criam em Deus, mas negavam-no com suas obras, pois não criam que Jesus era o enviado de Deus.

“E eles vêm a ti, como o povo costumava vir, e se assentam diante de ti, como meu povo, e ouvem as tuas palavras, mas não as põem por obra; pois lisonjeiam com a sua boca, mas o seu coração segue a sua avareza. E eis que tu és para eles como uma canção de amores, de quem tem voz suave, e que bem tange; porque ouvem as tuas palavras, mas não as põem por obra.” (Ezequiel 33.31-32).

A obra que Tiago exigiu das doze tribos da dispersão (judeus) é crer em Cristo, em lugar de somente dizerem ‘eu tenho fé’, fé essa que se resumia em dizer que criam em um só Deus.

“Jesus respondeu, e disse-lhes: A obra de Deus é esta: Que creiais naquele que ele enviou.” (João 6.29).

No comentário que faz do verso 16, de João 3, se evidencia o desatino do Pr. Cleber:

“João quer dizer que aquele que tiver fé em Cristo será salvo e não somente aquele que acredita que ele existe, mas tem que estar harmonizado, sintonizado com Ele. Não basta somente que crer que Deus existe, acreditar Nele, a Bíblia vai além, exige que tenhamos fé ou seja harmonia, sintonia com o Salvador” Idem.

Ora, quem crê que Jesus existe é porque crê que Deus O ressuscitou dentre os mortos, pois se não crê na ressurreição, não crê que Jesus existe.

“A saber: Se com a tua boca confessares ao Senhor Jesus, e em teu coração creres que Deus o ressuscitou dentre os mortos, serás salvo.” (Romanos 10.9).

Quem crê em Cristo, ou tem fé em Cristo será salvo, pois ao crer em Cristo acredita que Deus existe e que é galardoador dos que O busca.

“Ora, sem fé é impossível agradar-lhe; porque é necessário que aquele que se aproxima de Deus creia que ele existe, e que é galardoador dos que o buscam.” (Hebreus 11.6).

“E buscar-me-eis, e me achareis, quando me buscardes com todo o vosso coração.” (Jeremias 29.13).

A definição de que ‘crer é um ato de boa vontade; ter fé é uma atitude de consciência e de vivência’, não reflete a premissa bíblica de ‘crer’ e nem de ‘ter fé’.

Crer é um ato de submissão, pois quando crê o homem obedece ao mandamento de Deus, ou seja, se faz servo. Dependendo do contexto, ‘crer’ e ‘ter fé’ assume o mesmo significado.

“E de tudo o que, pela lei de Moisés, não pudestes ser justificados, por ele é justificado todo aquele que crê.” (Atos 13.39).

“Para lhes abrires os olhos, e das trevas os converteres à luz, e do poder de Satanás a Deus; a fim de que recebam a remissão de pecados, e herança entre os que são santificados pela fé em mim.” (Atos 26.18).

A ‘fé’ como mandamento (doutrina, querigma, evangelho) antecede o crer, por isso é dito que a fé é dom de Deus (Efésios 2.8). Crer em Cristo por meio da mensagem do evangelho jamais pode ser considerado uma espécie de altives do livre arbítrio do indivíduo, antes é o humilhar-se a si mesmo, se rendendo a vontade de Deus como servo.

“De sorte que somos embaixadores da parte de Cristo, como se Deus por nós rogasse. Rogamo-vos, pois, da parte de Cristo, que vos reconcilieis com Deus.” (2 Coríntios 5.20).

O homem que diante da mensagem do evangelho delibera crer em Cristo deixa a sua altivez, pois ao obedecer ao mandamento de crer em Cristo se oferece para ser servo da justiça.

O mesmo erro que compromete a compreensão do Pr. Cleber, e o filosofo espirita Huberto, acerca da ‘fé’ e do ‘crer’, também afeta a doutrina reformada Mogernista, pois esta não considera que é imprescindível a quem obedece se oferecer (apresentar), o que não é o mesmo que o indivíduo ter a vontade subvertida por uma ‘graça irresistível’.

“Não sabeis vós que a quem vos apresentardes por servos para lhe obedecer, sois servos daquele a quem obedeceis, ou do pecado para a morte, ou da obediência para a justiça? Mas graças a Deus que, tendo sido servos do pecado, obedecestes de coração à forma de doutrina a que fostes entregues.” (Romanos 6.16-17).

 

[1] “אמון 0529 ’emuwn procedente de 539; DITAT – 116d; n m 1) fidelidade, confiança 1a) fiel, confiável (as adj.)” Dicionário bíblico Strong. “אמונה 0530 ’emuwnah ou (forma contrata) אמנה ’emunah procedente de 529; DITAT – 116e; n f 1) firmeza, fidelidade, estabilidade” Dicionário bíblico Strong.

[2] “אמן 0539 ’aman uma raiz primitiva; DITAT – 116; v 1) apoiar, confirmar, ser fiel 1a) (Qal) 1a1) apoiar, confirmar, ser fiel, manter, nutrir 1a1a) pai adotivo (substantivo) 1a1b) mãe adotiva, enfermeira 1a1c) pilares, suportes da porta 1b) (Nifal) 1b1) ser estável, ser fiel, ser carregado, firmar 1b1a) ser carregado por uma enfermeira 1b1b) firmado, certificado, duradouro 1b1c) confirmado, estável, seguro 1b1d) verificado, confirmado 1b1e) digno de confiança, fiel, confiável 1c) (Hifil) 1c1) permanecer firme, confiar, ter certeza, acreditar 1c1a) permanecer firme 1c1b) confiar, crer” Dicionário bíblico Strong.

Fonte: Estudo Biblico.org

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