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Crise na Igreja Católica pode abalar o pontificado do papa Francisco

A liderança progressista do papa Francisco está enfrentando uma forte oposição por conservadores no Vaticano, em uma crise que está sendo denominada pela imprensa como “guerra civil católica”. Os conflitos surgem meio ao escândalo dos abusos sexuais contra crianças praticados durante décadas por membros do clero.

Os conservadores tentam manter as tradições milenares da instituição e combater as posições liberais do papa Francisco, que tem se mostrado mais aberto a temas como divórcio e homossexualidade.

O embate começou no último domingo (26), quando a visita de Francisco à Irlanda foi ofuscada pela revelação de diversos casos de abuso sexual que foram encobertos pelo Vaticano. O arcebispo Carlo Maria Viganò, ex-núncio papal nos Estados Unidos, publicou uma carta alegando que Francisco acobertou os abusos praticados por Theodore McCarrick, ex-arcebispo de Washington, e pediu a renúncia do papa.

O documento de 11 páginas ainda citava outros 32 clérigos católicos — a maioria deles aliados liberais do papa — denunciando “uma corrente homossexual em favor da subversão da doutrina católica sobre a homossexualidade”.

McCarrick deixou a arquidiocese de Washington ao completar 75 anos, idade em que os bispos são obrigados a apresentar sua renúncia, mas permaneceu aconselhando o pontífice no Colégio dos Cardeais. A renúncia aconteceu em julho, após acusações de que teria assediado seminaristas adultos e abusado de um menino durante anos. Ele afirma inocência.


Cardeal Theodore McCarrick com Papa Francisco (Foto: Jonathan Newton/The Washington Post via AP)

No início de agosto, um relatório da Suprema Corte do Estado na Pensilvânia acusou pelo menos 300 padres de terem abusado de mais de mil crianças ao longo de 70 anos e líderes da Igreja de terem acobertado os crimes.

Nesse momento de crise, a possibilidade do papa ser cúmplice dos abusos pode abalar seu pontificado e expôs as divisões na alta hierarquia da Igreja Católica.

“Essas acusações se tornaram parte de um embate ideológico muito maior. Um dos lados vê Francisco como o papa que finalmente abriu a Igreja a um entendimento mais realista sobre sexualidade, casamento, homossexualidade”, disse à BBC News Brasil o segundo o professor de teologia e estudos religiosos Massimo Faggioli, da Universidade Villanova, na Pensilvânia.

“O outro lado acredita que isso significa o fim da Igreja, e está disposto a fazer qualquer coisa para impedir isso. Mesmo que seja o maior tabu, que é pressionar um papa a renunciar, o que não acontece há seis séculos”, ressalta, referindo-se à renúncia de Gregório 7º, em 1415.

Por enquanto, o papa tem mantido silêncio sobre as acusações de Viganò, limitando-se a dizer que o documento “fala por si próprio”. Mas voltando da Irlanda, no avião, ao responder a uma pergunta sobre o que pais deveriam dizer a um filho ou filha que revela ser gay, o papa disse: “Não condene. Dialogue, entenda”.



Fonte: Guia me

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