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Especialistas alertam para a facilidade de acesso de crianças à pornografia

Criança na frente de notebook. (Foto: Shutterstock)

Com o “boom” dos celulares, as crianças veem sexo explícito com idade cada vez menor. Isso faz com que as expectativas dos chamados “pornonativos” fiquem distorcidas. Em vez de um ato de amor, passam a ver o sexo de forma violenta.

Sexólogos especialistas, educadores, psicólogos e sociólogos apontam para 2000 como o início do desastre, que a pornografia se tornou “A educação sexual do século XXI”. Ivan Rotella, membro da Associação Estatal de Profissionais Sexuais (EAPS) da Espanha dá aulas de educação sexual nas salas de aula há duas décadas.

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Ele explica que “a pornografia tem uma influência perturbadora sobre os jovens”, pois até o final dos anos 1990, a maioria dos adolescentes entendiam que a pornografia era uma ficção, mas hoje já veem como algo a ser imitado. E pior, na Europa o consumo de pornografia pela internet já é comum para crianças a partir dos 10 anos.

Por sua vez, Gail Dines, professora de sociologia da Wheelock College, em Boston (EUA) e ativista contra a propagação da pornografia faz coro a Rotella. Em seus estudos, verificou que “Muitos homens são expostos à pornografia pela primeira vez aos 11 anos, intencionalmente ou por acidente, e o resultado é uma geração que pensa que o sexo é apenas os que os filmes pornô apresentam”.

Essa exposição precoce atinge diretamente a formação moral da criança, explica a psicóloga infantil espanhola Patricia Diaz Seoane: “As crianças estão expostas a coisas que o seu cérebro não é capaz de processar totalmente”. Afinal, “elas não estão preparadas nem física nem cognitivamente para aquilo que a pornografia apresenta como natural”.

As pesquisadoras Martha Zhein e Analia Iglesias acabam de publicar um estudo que mostra como é a geração do que chamam “pornonativos”. “Precisávamos de um termo para descrever a primeira geração de jovens que descobrem o pornô antes de sua própria sexualidade”, explicam.

Segundo ela a geração atual é de “pornonautas”, crianças que crescem acostumada às telas de tablets e smartphones, onde o acesso à pornografia está a um click. Muitas vezes elas não precisam sequer procurar por isso, pois surgem pop-ups em sites, oferecendo acesso a esse tipo de conteúdo ou vídeos impróprios em plataformas como o Youtube.

“A pornografia pode perturbar pessoas de qualquer idade”, esclarece Gail Dines. “Conheço casos de crianças de sete anos e também de senhores de 80 anos, influenciados pelo seu consumo. A indústria pornô vai identificando consumidores desde uma idade precoce com a intenção de mantê-los viciados para toda a vida”, argumenta.

Também está em jogo um outro debate, sobre os efeitos da pornografia no cérebro. Já existem estudos mostrando que ela age como uma droga e, portanto, pode gerar dependência bem como danos cerebrais.

Natale McAneney, diretor executivo de uma ONG que luta pelo reconhecimento do pornô como uma “nova droga”, argumenta que “nem todo mundo que tem problemas com a pornografia é viciado, mas há contextos em que o vício em pornografia é real.

Ele explica que sua organização recebe pedidos diários de pessoas procurando ajuda. A grande maioria passou mais de 10 anos consumindo pornografia regularmente, até que percebam o seu mal e decidam procurar algum tipo de saída. Muitos relatam como isso prejudicou sua vida como profissionais, pai e esposo.

Aberta, acessível e anônima

Houve um tempo em que revistas pornográficas eram algo de difícil acesso para crianças e adolescentes, sendo escondida dos pais debaixo do colchão. Os filmes adultos eram restritos a canais pagos na TV. Mas os anos 1990 trouxeram consigo a inovação da internet e as coisas mudaram para sempre.

Desde então a pornografia online passou a ser vista como “aberta, acessível e anônima”. Essa é maneira como tratam o tema vários ativistas que procuram combater o acesso prematuro de crianças à pornografia.

A recomendação deles é que os pais vigiem de perto o que seus filhos estão acessando em seus celulares. Em segundo lugar, ao detectar que a criança já teve contato com material impróprio, busque o diálogo para esclarecer que o está sendo mostrado na telinha não é real. Dentro do possível, o próximo passo seria verificar também junto às escolas se há algum tipo de controle, afinal muitos só veem essas coisas após serem estimulados de alguma maneira pelos colegas. Com informações El Mundo



Fonte: Gospel Prime

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