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Igreja Católica está à deriva, dizem cardeais ao papa

Em meio à reunião convocada pelo papa Francisco no Vaticano que reúne 114 cardeais de 130 países para tratar dos casos de abuso sexual de crianças cometidos por padres e bispos em diversos países, dois proeminentes cardeais da ala conservadora escreveram uma carta aberta endereçada ao chefe da Igreja Católica onde expõem muitos outros problemas.

Raymond Burke, dos Estados Unidos, e Walter Brandmüller, da Alemanha, afirmam que o Vaticano erroneamente culpou o abuso de poder de sacerdotes como a principal causa dos escândalos de assédio sexual, quando, na verdade, os casos envolvem padres que “se distanciaram da verdade do Evangelho”.

Divulgada nesta quarta-feira (20), a carta pede o fim do que chamam de “praga da agenda homossexual” e que “o mundo católico está à deriva”.

Com opiniões fortes, Burke e Brandmüller escrevem: “Com angústia, surge a questão: para onde vai a Igreja? Diante da deriva, parece que a dificuldade se reduz à do abuso de menores, um crime horrível, especialmente quando é perpetrado por um sacerdote, que é, no entanto, só uma parte de uma crise muito maior. A praga da agenda homossexual difundiu-se dentro da Igreja, promovida por redes organizadas e protegida por um clima de cumplicidade e uma conspiração de silêncio”.

Na hierarquia, os cardeais são segundos em importância abaixo do papa e existem 223 deles na Igreja Católica.

Considerados opositores do papa Francisco, Burke e Brandmüller disseram que “o abuso sexual é atribuído ao clericalismo. Mas a primeira e principal falta do clero não reside no abuso de poder, mas em se afastar da verdade do Evangelho”.

De acordo com informações da BBC, Burke tem ligações com o ex-conselheiro de Donald Trump, Steve Bannon, ideólogo de ultradireita que vem se articulando com governos populistas pelo mundo. Brandmüller, por sua vez, gerou polêmica ao dizer, em janeiro passado, que a homossexualidade seria a causa dos abusos na Igreja.

Os cardeais Brandmüller e Burke são críticos do papa Francisco. (Foto: Reprodução/Getty)

Críticas

Em 2016, Burke e Brandmüller fizeram parte de um grupo de quatro cardeais signatários de uma carta destinada ao papa Francisco. Eles questionavam o documento em que o pontífice, pela primeira vez, abria margem para que divorciados que voltaram a se casar pudessem receber a comunhão católica. Era, então, o início de uma guerra aberta entre a ala mais conservadora da Igreja, liderada por Burke, e o papa Francisco.

A nova carta contra o pontífice vem a público um dia antes de ter início o encontro de ao todo 190 clérigos de 130 países no Vaticano, entre cardeais, bispos e chefes de ordens e missões católicas.

A reunião foi batizada de “A proteção de menores na Igreja” e, segundo especialistas, é tanto uma resposta da instituição para a sociedade, diante da escalada de denúncias de casos de abuso, quanto uma tentativa interna de atender à “política de tolerância zero” pregada publicamente pelo pontífice.

Protesto no Vaticano

Na véspera do encontro, um grupo de sobreviventes de abusos cometidos por sacerdotes protestou no Vaticano. Foram dez vítimas que conseguiram se reunir por quase três horas com cinco autoridades da Igreja, um dia antes do início do encontro sobre abuso de menores. O grupo reclamou, porém, da ausência do pontífice na reunião.

Numa resposta considerada dura e algo inesperada, o papa afirmou que “acusadores que não fazem nada além de criticar a Igreja” são “amigos do diabo”. Por outro lado, voltou a repetir que os sacerdotes culpados serão punidos.



Fonte: Guia me

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