Uma mulher é acusada de matar a mãe imitando um assassinato da novela Segundo Sol, da TV Globo. O crime teria sido cometido no dia 02 de outubro, horas depois da exibição do crime fictício no folhetim.
Paloma Botelho de Vasconcelos, 21 anos, teria matado a própria mãe, a empresária Dircelene Botelho, de acordo com informações obtidas pelos investigadores da Polícia Civil. A inspiração para o crime teria sido a cena em que a vilã Laureta (Adriana Esteves) mata o capanga Galdino (Narcival Rubens) com uma injeção de ar.
O crime foi registrado na cidade de Petrópolis, interior do Rio de Janeiro, e inicialmente, ninguém na região desconfiou de um assassinato. A empresária foi sepultada normalmente, com médicos e familiares acreditando que ela tivesse sofrido uma morte natural.
Porém, o padrasto da acusada, Manuel da Silva, 68 anos, havia instalado um circuito interno de televisão dentro de sua casa, pois desconfiava que estava sendo roubado. Dois dias após o sepultamento, ele foi conferir as imagens das câmeras e descobriu que sua mulher foi torturada e morta por Paloma, que teve ajuda do namorado, Gabriel Neves, 26 anos.
O viúvo foi à delegacia, mas os PMs não puderam prender Paloma e Gabriel imediatamente devido à legislação eleitoral: “Antes das eleições só é possível deter alguém em flagrante”, explicou o advogado criminalista André Lozano, do escritório Jacob Lozano, em São Paulo.
As imagens mostram que, antes de aplicar injeção semelhante à de Laureta, Paloma e seu namorado tentaram asfixiar Dircelene com a ajuda de um saco plástico. O autor da novela Segundo Sol, João Emanuel Carneiro, se defendeu das críticas recebidas por sua obra inspirar um crime na vida real: “A ficção não tem nada a ver com a realidade”, limitou-se a dizer, segundo informações do Notícias da TV.
“Eles aplicaram um pano com formol no nariz da vítima. Depois a ‘colocaram no saco’, como no filme Tropa de Elite [2007], amarrando com uma fita na cabeça”, afirmou o inspetor da Polícia Civil Alexandre Gheren, 44 anos, da 105ª DP. “A Paloma admitiu no depoimento que, como a mãe ainda se mexia depois da asfixia, [e por isso] usou a injeção da Laureta para matá-la”, acrescentou.
Críticas
O site da Igreja Universal do Reino de Deus repercutiu o caso e fez menção ao livro Análise do Comportamento Humano em Psicologia, de Aurélio Bolsanello e Maria Augusta Bolsanello, para tentar explicar a influência da novela na vida de pessoas desestabilizadas emocionalmente.
“Os autores [do livro] relatam que o inventor da televisão Vladimir Kosma Zworrynkin afirmou em entrevista que sua intenção ao inventar a TV era ‘empregá-la para educar e transmitir cultura ao povo’. Ou seja: desde o início, sabia-se do poder de influenciar as pessoas por meio do conteúdo transmitido”, pontuou a Universal.
“Por isso, é importante consumir conteúdos que tragam benefícios. Para que perder tempo assistindo a uma telenovela que glamouriza o homicídio, a prostituição e a destruição familiar, se existe a opção de assistir a conteúdos mais bem preparados e conscientes? Cabe a cada um optar pelo que vai levar para sua mente e para sua vida: novas formas criativas de cometer assassinatos ou algo que melhore a si mesmo como pessoa e, consequentemente, a sociedade em geral”, conclui o artigo no site da denominação.