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“Maior luta da minha vida”

Na indústria cinematográfica, o boxe está associado a ótimas classificações de bilheteria e aclamação da crítica. Os filmes favoritos dos fãs como “Raging Bull”, “Million Dollar Baby” e “Creed” – baseados na icônica franquia “Rocky” – provaram a popularidade e lucratividade do gênero.

Embora alguns possam ver o esporte como violento, o apelo do boxe depende das noções de foco e determinação mostradas na história de seus atletas da vida real, como o ex-campeão mundial de peso-mosca Arthur Johnson, cuja história pode ser comparada a uma às trajetórias de duas cidades. Ele acabou descobrindo seu propósito maior em sua própria cidade, após vencer a maior luta de sua vida. Hoje, atua resgatando jovens da criminalidade.

Da janela de sua casa na infância, ele podia ver à distância o reluzente ‘Gateway Arch’, elevando-se sobre o centro de St. Louis. Mas sua casa ficava no lado menos economicamente vibrante do rio Mississippi, no sudoeste de Illinois.

Embora as duas cidades compartilhem parcialmente o mesmo nome, as semelhanças terminam aí.

Em 2018, a cidade de East St. Louis ganhou um apelido indesejado como “a cidade mais perigosa” da América. Além disso, os moradores enfrentavam uma taxa de desemprego que era quase o dobro da média nacional.

Essas duras realidades dificultam para as pessoas que a chamam de lar alcançarem seus sonhos.

Lutador de coração

Crescendo em uma cidade conhecida por sua resistência, Johnson herdou um espírito de luta.

Diferente de outras crianças, isso o ajudou a resistir à sedução das drogas e da violência com o sonho de perseguir o sucesso além dos limites da cidade. Ele descobriu um caminho na primeira vez que viu uma luta de boxe televisionada.

“Eu simulava uma luta minha nas emissoras e dizia: ‘Lá vai Arthur!”, Lembrou Johnson, apontando com um soco o gancho da direita. “Ele lança a mão direita. Outra direita de Johnson!”

“Foi algo que, sem dúvida, acho que Deus colocou no meu coração antes que eu pudesse mesmo reconhecer que talvez fosse um lutador”, acrescentou.

Inspirado por Muhammad Ali, Johnson começou no boxe quando tinha 10 anos de idade e se juntou a um clube de atletismo depois de falsificar a assinatura de sua mãe em um recibo de permissão.

“Eu mesmo assinei”, ele riu, mas reconhecendo o erro que cometeu na época. “Mais tarde minha mãe descobriu, mas ela sabia que eu havia encontrado algo que me manteria longe de problemas”.

Johnson acredita que o esporte abriu portas para ele, permitindo-lhe ver possibilidades mais brilhantes.

“Aprender a lutar boxe definitivamente foi uma bênção porque me manteve longe de problemas”, explicou ele. “Isso me manteve fora de problemas com gangues, drogas – coisas que eu poderia ter feito que minha vida poderia ter sido diferente em termos da estrada que eu tomei”.

Peso-leve, a grande ambição

Enquanto ele desenvolveu um coração voltado para o esporte, Arthur não mediu isso em tamanho. Foi algo que ele percebeu na primeira vez que colocou um par de luvas quando era menino.

“Eu era um cara pequeno, e aquele garoto me cingiu com um golpe [e] me bateu na minha barriga”, disse Johnson, referindo-se à sua primeira luta no ringue. “Eu me levantei e pude ouvir no meio da multidão que alguém dizia: ‘Não desista!'”

Johnson seguiu o conselho e continuou treinando para aprimorar suas habilidades.

Pesando apenas 50 kg pela maior parte de sua carreira, seu tamanho tornou-se um trunfo como um lutador peso-mosca.

Ele também ganhou o apelido de “Flash” por causa de suas combinações de golpes rápidos certeiros.

“Ele era um garotinho com um verdadeiro trovão nas duas mãos”, disse Michael Gross, um amigo de longa data. “Cerca de 50 kg, isso não é muito peso, mas, cara, o poder dele era excepcional para essa classe de peso”.

Uma carreira de knock-out’s

Eventualmente, ele treinou com o homem que preparou lendas do boxe, como George Foreman, Sugar Ray Leonard e Ali – sua inspiração. O treinador Angelo Dundee era uma lenda por direito próprio.

“É tão estranho que anos e anos depois que o empresário de [Ali] se tornasse meu empresário, nós estaríamos na mesma família de boxe”, ele pensou.

Johnson se destacou tornando-se o primeiro amador peso-leve a ganhar três títulos nacionais consecutivos antes de acumular um total de doze. Seu recorde ainda permanece até hoje.

Ele também se tornou o primeiro americano a ganhar ouro na inauguração dos Jogos da Boa Vontade, em Moscou, em 1986. No entanto, um dos momentos mais marcantes da carreira de Johnson foi representar os Estados Unidos nas Olimpíadas de 1988 em Seul, na Coreia do Sul.

Ainda assim, ele não tinha idéia do soco mais difícil que levaria da vida, quando ele saiu do ringue e se aposentou.

A luta de sua vida

Em junho de 2008, anos depois de pendurar as luvas, os médicos diagnosticaram Johnson com Leucemia Promielocítica Aguda, ou APL – uma forma rara e voraz de câncer no sangue. Eles também disseram que ele tinha apenas dois ou três meses de vida.

“Nunca tomei um soco na vida e sei que ele sim”, recordou LaTanya, sua mulher, enquanto respirava fundo na casa de sua família, a cerca de 24 quilômetros de onde Johnson cresceu. “Foi como se eu tivesse sido atingida com um soco, e eu tive o ar totalmente retirado de mim”.

Sua saúde declinou, mas Johnson, sua esposa e seus filhos apoiaram-se em sua fé em Deus e no apoio de sua igreja, Faith Family Church, em Shiloh, Illinois. LaTanya também lembrou o marido do lutador que havia dentro dele.

“Quando ele estava deitado naquela cama no hospital, a única coisa que eu pude dizer foi: ‘Querido, temos que colocar as luvas mais uma vez”, disse ela. “Esta será a nossa maior batalha. Esta será a nossa maior luta”.

Johnson passou um mês no hospital e passou por seis meses de quimioterapia. Levaria cinco longos anos para ele se recuperar. Ele concorda que foi “a maior luta de sua vida”

Depois que ele finalmente venceu o câncer, ele ansiosamente deu um soco de volta com um novo desejo de fazer a diferença.

Formando campeões

Recuperado, o atleta aposentado criou a ‘Arthur Johnson Foundation’, uma organização sem fins lucrativos cuja missão é reconstruir East St. Louis, concentrando-se em causar uma impressão positiva na juventude sobre o esporte e também sobre a fé em Deus, resgatando esses jovens da vida nas drogas e criminalidade.

“Isso é o que eu vejo. Eu vejo ele deixando um pedaço de si mesmo na próxima geração”, observou LaTanya.

A fundação também abriu o caminho para ele treinar jovens esperançosos em sua nova academia, chamada Flash Boxing and Activity Center, construída com seu próprio financiamento, juntamente com alguns patrocinadores e doações. Hoje, é onde Johnson ensina a seus alunos as lições que aprendeu dentro e fora do ringue.

Seu trabalho está fazendo a diferença.

Zera Hall matriculou dois de seus filhos jovens, Solomon e Samuel, para treinar com Johnson. Ela disse à CBN News que viu uma verdadeira transformação.

“Meu filho mais velho se tornou muito atlético. Sua confiança é maior”, reconheceu Hall. “[Esta] organização, acredito, realmente mudou nossas vidas”.

“Ele é um bom modelo e uma figura paterna”, ecoou Carlos Collier, que treina com Johnson e espera lutar boxe profissionalmente. “Ele é uma boa pessoa em geral. Esta cidade precisa de mais pessoas como ele.”

Collier observou que muito do trabalho comunitário de Johnson é autofinanciado ou depende de doações.

“Isso que ele está fazendo por nós, ele não está sendo pago para fazer isso”, explicou Collier. “Para ele fazer muito disso com a bondade de seu coração, isso é uma benção.”

Johnson vê esse capítulo de sua vida alimentando sua paixão e cumprindo seu propósito, enquanto retorna às raízes de sua cidade natal em East St. Louis.

“Minha esperança para esta cidade e esta comunidade é que ela se torne o que já foi”, disse ele. “Essa é a minha esperança – e dar esperança aos jovens que vagam pelas ruas e realmente não têm direção para que eles tenham um propósito a seguir, que cheguem aonde querem chegar”.

Sua nova luta, fora do ringue, é instilar uma crença simples nos corações e mentes das crianças em sua cidade natal – a mesma que o impulsionou a se tornar um campeão de boxe e um sobrevivente de câncer: “Se você pode sonhar, você pode conseguir isso “.

“Estou animado com as vidas que estamos tocando [e] as vidas que vamos mudar”, disse Johnson à CBN News. “Fizemos alguns campeões na forma física, mas o mais importante, acho que vamos fazer campeões na vida.”

Fonte: Guia me

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