Dono de um grande legado na história da igreja cristã, o Irmão André faleceu nesta terça-feira (27) aos 94 anos. Irmão André faleceu em sua casa, na Holanda, mas a causa da morte não foi revelada. Ele foi casado por 59 anos com Corry, que faleceu em 23 de janeiro de 2018. Eles deixam cinco filhos e 11 netos.
Fundador da Portas Abertas, missão responsável por apoiar cristãos perseguidos ao redor do mundo, ele ficou conhecido como “Contrabandista de Deus”, por entregar Bíblias clandestinamente na antiga União Soviética. Sua ligação com a igreja perseguida começou em 1955, quando foi com uma delegação holandesa ao Festival Mundial da Juventude Comunista na Polônia. Lá ele descobriu uma igreja cristã por trás da Cortina de Ferro que precisava de Bíblias desesperadamente e decidiu distribuir uma mala cheia de literatura cristã, marcando assim o humilde início da Portas Abertas.
Atualmente, a missão atua em mais de 60 países e conta com mais de 1.400 colaboradores globalmente, com o propósito de apoiar e fortalecer cristãos perseguidos e igrejas em países onde há perseguição.
– Nossa missão se chama Portas Abertas porque acreditamos que todas as portas estão abertas, em todo o tempo e qualquer lugar. Eu literalmente acredito que toda porta está aberta para ir e pregar o Evangelho, desde que você esteja disposto a ir e não esteja preocupado em voltar – dizia o evangelista.
André teve sua autobiografia – “O Contrabandista de Deus” – vendida em mais de 40 idiomas. O livro se tornou um best-seller internacional com mais de 10 milhões de cópias vendidas e com uma edição atualizada lançada em 2015. A versão comemorativa pelos 60 anos da Portas Abertas trazia um epílogo de 25 páginas destacando suas aventuras posteriores à primeira publicação do livro.
– O Irmão André nos deixa um exemplo de obediência ao Senhor e ao seu chamado. Foi obediente ao ponto de colocar muitas vezes em risco a sua própria vida. Ele não media esforços para seguir o chamado recebido de Deus e servir aos cristãos perseguidos. Como ele mesmo dizia: “Claro que é perigoso, mas é mais perigoso não obedecer a Deus. Segurança é algo que não está em jogo quando se trata da Grande Comissão – disse o secretário-geral da Portas Abertas no Brasil, Marco Cruz.
Estima-se que o Irmão André tenha visitado 125 países e percorrido mais de um milhão de milhas em suas viagens para pregar o Evangelho e fazer amizade com pessoas em necessidade. Sua amizade e amor a Deus o levaram a reuniões privadas com líderes de vários grupos fundamentalistas. Ele foi um dos poucos líderes ocidentais que regularmente ia a esses grupos como um embaixador de Cristo. Seu livro de 2004, “Força da Luz: uma tocante história da igreja pega no meio do fogo cruzado no Oriente Médio”, em coautoria com Al Janssen, conta sobre seu evangelismo no Oriente Médio. Um outro livro, também em coautoria com Al Janssen, publicado em 2007, foi “Cristão Secretos: o que acontece quando muçulmanos creem em Cristo”.
– Somos imensamente gratos pela vida, exemplo e legado do nosso querido irmão André. Saber que ele não estará mais conosco nos deixa com o coração pesado e triste. Por outro lado, temos o desafio e a responsabilidade de continuar o seu trabalho de apoio à Igreja Perseguida. Ele mesmo disse: “Todo cristão que sofre por causa de sua fé deve ser lembrado e apoiado por outros cristãos. Enquanto existir um cristão preso por sua fé em Jesus Cristo, eu não sou livre – conclui Marco Cruz.