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Pastores alertam pra epidemia de suicídio e sugerem ações de prevenção

Os casos recentes de suicídio mobilizaram lideranças evangélicas brasileiras e internacionais para alertar a Igreja sobre a necessidade de olhar atentamente para a saúde mental e emocional das pessoas à volta.

Silas Malafaia, pastor da Assembleia de Deus Vitória em Cristo (ADVEC) e psicólogo, usou o Twitter para compartilhar uma reflexão sobre o tema: “O ser humano não tem estrutura para ter uma vida com longos períodos de angústia, porque ela nos faz adoecer fisicamente. Deus, porém, é poderoso para nos livrar dela e trazer paz ao nosso coração. ‘Deus é o nosso refúgio e fortaleza, socorro bem presente na angústia’ (Sl 46.1)”, escreveu.

O pastor aproveitou para comentar sobre um trabalho dedicado aos pastores e pensado como forma de prevenir casos como os registrados recentemente. “A campanha Setembro Amarelo tem o objetivo de prevenir o suicídio, que, infelizmente, tem atingido milhares de pessoas, inclusive pastores. Foi por isso que criei o Pastores Juntos, um projeto para caminharmos juntos e compartilharmos os desafios do ministério”, disse Malafaia.

Em 2013, Malafaia publicou um artigo destacando que a depressão é uma doença que “altera a forma como a pessoa enxerga a si própria e os outros, interpreta a realidade e manifesta suas emoções” , e apresentou um dos cenários mais recorrentes entre evangélicos que sofrem com essa situação.

“Um dos principais motivos de as pessoas deprimidas terem receio de procurar algum tipo de ajuda é o fato de temerem ser estigmatizadas pela família, pelos amigos ou colegas de trabalho que, por falta de informação, costumam confundir depressão com frescura, preguiça, desmotivação e incapacidade de lutar pela vida, ou problemas espirituais”, afirmou o pastor.

Outro problema apontado por Silas Malafaia é que, muitas vezes, “a pessoa deprimida fica triste e apática, e pode deixar de orar, de ler a Bíblia, de ir à igreja, e até ser levada a pensar que Deus a abandonou” o que, segundo ele, pode levar pessoas que não compreendem a gravidade da depressão a rotular a pessoa doente como “espiritualmente fraca”, e a doença como “obra satânica”.

Epidemia

O pastor Lucinho Barreto, da Igreja Batista da Lagoinha, publicou uma imagem da campanha Setembro Amarelo com uma mensagem de estímulo à oferta e procura de ajuda na prevenção ao suicídio: “Não é drama. Não é chamar atenção. Nem é a falta de Deus e muito menos frescura”.

Na legenda da publicação no Instagram, Lucinho repetiu o tom de conscientização: “Não corte seu pulso porque alguém já teve o dele perfurado por você! Converse com as pessoas, especialmente as mais próximas e que parecem menos prováveis de se matar, porque muitas vezes são esses que estão mais perto de uma tentativa”, alertou.

No mesmo contexto, o evangelista Jay Lowder usou sua própria história de tentativa de suicídio como ilustração de sua dedicação em alertar as pessoas sobre a necessidade de debater o assunto de forma séria e abrangente.

“Embora eu seja grato pela ênfase na prevenção do suicídio em setembro, este é um assunto que precisa ser tratado todos os dias”, disse Lowder, ao portal Charisma News.

O evangelista tem se dedicado a abordar o tema em escolas, igrejas e eventos comunitários, embasando suas palestras com dados do Centro de Controle de Doenças (CDC, em inglês) dos Estados Unidos, que apontam que o índice de suicídios cresceu transformando essa modalidade em uma das principais causas de morte no país.

No Brasil o cenário não é diferente: o Ministério da Saúde afirma que o número de suicídios cresceu 12% entre 2011 e 2015 no Brasil, sendo considerada a quarta maior causa de mortes entre jovens de 15 e 29 anos.

Em todo o mundo essa é uma tendência, segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS): atualmente 800 mil pessoas cometem suicídio anualmente.

“Temos uma epidemia em ascensão. A auto-violência não tem preconceitos e afeta pessoas de todas as raças, etnias, status econômicos e gêneros. Ninguém está imune e, até que levemos a sério a criação de um ambiente aberto de discussão, vamos continuar vendo as pessoas serem vítimas”, comentou Jay Lowder.

O testemunho do evangelista sobre sua experiência de tentativa de suicídio é impressionante. Ele relata que, aos 21 anos, alcoólatra e sem maturidade para lidar com adversidades, sentiu-se desamparado a ponto de pegar uma pistola para atirar contra a própria cabeça, mas foi impedido por um colega de quarto na faculdade.

Hoje, com a crise que o levou a esse caminho superada, ele passou a se dedicar à ajuda de pessoas com dificuldades emocionais. Seu trabalho de evangelismo consiste, basicamente, em apresentar a fé a quem se dispõe a receber ajuda, e também capacitar pais, igrejas e líderes a identificarem situações que possam evoluir para uma violência auto-infligida.

“Reconhecer os sinais de alerta de uma pessoa que está em perigo potencial é o primeiro passo para ajudá-la, antes que seja tarde demais. Se encorajarmos uma discussão aberta sobre esse assunto delicado e prestarmos atenção aos indicadores que frequentemente prenunciam o suicídio, talvez possamos reduzir as estatísticas e salvar vidas”, afirmou, esperançoso.



Fonte: Gospel Mais

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