Pastores da teologia inclusiva criticam evangélicos em evento LGBT

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Os grupos progressistas continuam sua jornada em busca de influência entre evangélicos, e buscam essa aproximação através do ecumenismo e do escárnio em relação às denominações que mantém uma visão conservadora sobre o que a Bíblia diz em relação à sexualidade.

Numa paróquia católica, o ativista Wellington Santos, que se apresenta como pastor evangélico, discursa no 1º Congresso Igrejas e Comunidade LGBTI defendendo que a homossexualidade e a vida cristã são compatíveis.

O evento ecumênico foi realizado na Paróquia da Santíssima Trindade, em São Paulo, onde símbolos cristãos, como a cruz, são exibidos ao lado de outros ligados à esquerda brasileira, como bandeiras do Movimento dos Sem Terra (MST).

Entre os dias 20 e 23 de junho o templo católico reuniu de monges budistas a padres, todos de linha progressista. Dentre os presentes estavam o transexual Alexya Salvador, que se apresenta como pastor de uma igreja inclusiva.

Segundo informações da agência FolhaPress, Alexya foi ousada em sua manifestação na paróquia: “Cada travesti, mulher trans, quando assassinada, ela só tá recebendo as mesmas chicotadas que Cristo recebeu. O cristianismo tem uma dívida enorme”, declarou, equiparando os pecadores pelos quais Jesus morreu ao filho de Deus que se entregou pela redenção da humanidade.

Usando colarinho clerical e casaco nas cores do movimento LGBT, o reverendo Christiano Valério diz que é comum ouvir em igrejas cristãs que “Deus tem um plano para a sua vida”, e ironizou: ”O plano de Deus é você ficar quietinho aí. Não tem problema ser gay, só não dê muita pinta. Você pode ser um peixe, mas não ouse nadar”.

Em seguida, Christiano Valério atacou a compreensão tradicional das Escrituras. “Isso é deixar de existir: ficar dentro das denominações esperando que elas mudem… Para muita gente isso é morrer”.

Segundo ele, a igreja “protestante, ecumênica e inclusiva” da qual faz parte, a Comunidade Metropolitana, é possível ser homossexual e transexual sem ter suas escolhas definidas como pecado por uma denominação.

Wellington Santos, da Igreja Batista do Pinheiro – excluída da Convenção Batista Brasileira por romper com os valores protestantes – criticou a postura dos evangélicos tradicionais em recusar o diálogo referente à aceitação da homossexualidade. “Há três anos não sou convidado nem para batizado de boneca”, disse, comentando a repercussão de sua ideologia inclusiva.

Para o pastor, muitos evangélicos compram a ideia de que um LGBT pode influenciar as pessoas ao redor. Em seu discurso no evento ecumênico, afirmou que ouviu uma fiel de sua igreja a seguinte constatação: “Se [um homossexual] der em cima do meu José, e José ceder, é porque é um viado ‘véio’”.

Um dos participantes foi o padre Paulo Sérgio Bezerra, da Paróquia Nossa Senhora do Carmo, na zona leste de São Paulo. Ele relatou o caso de um rapaz que o procurou em busca de orientação, pois todos à sua volta, da Igreja Católica à família, recriminavam sua homossexualidade. Ele terminou cometendo suicídio no banheiro de um shopping, deixando no bolso um bilhete feito pelo padre para que procurasse ajuda psicológica.

O transexual Kasumi Takara, na plateia, disse que a Bíblia é homofóbica. Ele citou a passagem de Levítico 20:13, que prega a execução de homossexuais que pratiquem sexo, como argumento. Sem, no entanto, levar em conta que o cristianismo vê o Antigo Testamento como uma “carta” que explica o motivo de Deus ter enviado Jesus para se sacrificar em redenção dos pecadores que se entregarem a Ele.

A Igreja Betesda, liderada pelo polêmico Ricardo Gondim – que rompeu relações com os evangélicos -, esteve representada pelo pastor Will Barros. Este, ao falar, pregou a interpretação da Bíblia Sagrada a partir de uma contextualização histórica, sem literalidades, já que as Escrituras definem que mulheres não podem liderar um culto, e há muitas pastoras evangélicas.

A bem da verdade, o ministério pastoral feminino é bastante comum em igrejas neopentecostais, mas alvo de contestação entre denominações mais tradicionais, sejam pentecostais, como a Assembleia de Deus, ou históricas, como Presbiteriana e Batista. O falecido pastor Antonio Gilberto, tido como uma referência teológica das Assembleias de Deus, dizia que a ordenação feminina ao pastorado é “antibíblica”.

“Precisamos olhar a Bíblia não mais como um livro único de conduta, fé e prática. As narrativas podem ser muito produtivas para a vida humana, mas precisa ter um óculos, que é o do cristianismo. Se você não for cristão, vou usar outra expressão: o óculos do amor”, comentou Barros.

O pastor da Betesda se valeu de um conceito do filósofo francês Michel Foucault (1926-1984), adorado pela esquerda, na conclusão de seu discurso. Ele disse que os LGBT devem “não somente se defender, mas também se afirmar, e não somente como identidade, mas também como força criativa”. Para Barros, essa recomendação deve ser posta em prática inclusive nas igrejas.

“Tenho impressão que Foucault estava tomado pelo Espírito Santo”, comentou Will Barros.

Ao final, o Congresso Igrejas e Comunidade LGBTI produziu uma carta aberta em crítica às “muitas comunidades de fé, sobretudo entre as cristãs, que se tornaram espaços de silenciamento, opressão, humilhação, exclusão e abuso espiritual, psíquico, econômico e sexual”.

O texto – de alto teor político – também reprova conceitos amplamente aceitos entre evangélicos, como “Deus ama o pecador, mas odeia o pecado” e “macho e fêmea os criou”, pois, segundo os autores, tais máximas produzem “medo, vergonha, culpa e silenciamento” e contribuem para “relações familiares violentas, sofrimento psíquico e, no limite, muitos casos de depressão e suicídio entre pessoas lésbicas, gays, bissexuais, assexuais, travestis, transexuais, não binárias, intersexo, queer e de outras expressões de gênero, especialmente negras, pobres e de territórios vulnerabilizados”.

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Fonte: Gospel Mais

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