A polícia de Goiás deu início na semana passada à “Operação Habacuque”, que investiga pastores que deram golpes em fiéis entre os anos de 2015 e 2017. Porém, só no último ano os fiéis começaram a procurar a delegacia.
O nome da ação coordenada é inspirado no texto bíblico do profeta Habacuque que fala sobre pessoas que lucram às custas do próximo.
Desde sexta-feira (18), os pastores evangélicos Alencar Santos Buriti e Osório José Lopes Junior, ligados à Assembleia de Deus, estão presos. Eles são suspeitos de lucrar cerca R$ 15 milhões com golpes em fiéis na região de Goianésia, estado de Goiás. Um terceiro suspeito também foi detido.
Os pastores diziam aos fiéis que havia ganhado um título de R$ 1 bilhão, mas precisava de ajuda para conseguir recebê-lo através de um escritório de cobrança.
O delegado Marco Antônio Maia Júnior, responsável pelas investigações, afirmou que para os religiosos prometiam, a quem colaborasse, lucros de até 10 vezes sobre o valor doado. Algumas pessoas chegaram a vender a própria casa para ajudar os pastores.
“Eles alegavam, e continuam com esta versão, que ganharam o título bilionário depois de fazer orações para o filho de um fazendeiro rico de Roraima, que teria alcançado a graça desejada. Os pastores afirmavam que precisavam agalhar fundos para montar um escritório de cobrança e receber os recursos. Fiéis chegaram a perder tudo para ‘colaborar’ com o pastor, na esperança de lucros grandes”. revela Maia Júnior.
Até o momento, foram identificadas 30 vítimas. As investigações indicam que o esquema poder ter lesado vítimas em outros estados.
A defesa
O advogado de defesa dos suspeitos, Edemundo Dias, afirma que seu clientes colaboraram com as investigações e que são inocentes.
“Eles alegam que tem um crédito e tem um contrato de confidencialidade. Além disto, afirmam que as pessoas que emprestaram, emprestaram conscientemente, ou seja, eles não enganaram ninguém. Vamos solicitar a revogação da prisão, para que eles respondam em liberdade e possam saldar a dívida com os credores”, afirmou.
Vida de luxo
A polícia identificou que os dois pastores tinham uma vida de luxo. O delegado aponta que o pastor Osório morava em uma casa de luxo em Goianésia e chegava a alugar helicóptero para viajar da cidade para outras regiões.
A quebra do sigilo bancário demonstra que os suspeitos movimentaram R$ 20 milhões no banco.
“É uma quantia vultuosa que ainda não conseguimos identificar onde foi parar. Mas eles tinham uma conduta de muita ostentação na cidade. Um deles chegava a ter 5 seguranças dentro de casa. Eles fundaram uma empresa fictícia com capital de R$ 1 bilhão. Enfim, não só criaram uma situação de que tinham muito dinheiro, como mantinham tudo isso com recursos dos fieis”, conta o delegado.
O trio vai responder por associação criminosa, estelionato e lavagem de dinheiro. Com informações G1