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QUALIFICAÇÕES DO MINISTRO – Luciano Subirá – ORVALHO.COM

Precisamos trabalhar melhor com os candidatos ao ministério a questão das qualificações. Com aqueles que já foram estabelecidos, também. Leia a descrição de Paulo:

“Esta é uma palavra fiel: se alguém deseja o episcopado, excelente obra deseja. Convém, pois, que o bispo seja irrepreensível, marido de uma mulher, vigilante, sóbrio, honesto, hospitaleiro, apto para ensinar; Não dado ao vinho, não espancador, não cobiçoso de torpe ganância, mas moderado, não contencioso, não avarento; Que governe bem a sua própria casa, tendo seus filhos em sujeição, com toda a modéstia (Porque, se alguém não sabe governar a sua própria casa, terá cuidado da igreja de Deus?); Não neófito, para que, ensoberbecendo-se, não caia na condenação do diabo. Convém também que tenha bom testemunho dos que estão de fora, para que não caia em afronta, e no laço do diabo. Da mesma sorte os diáconos sejam honestos, não de língua dobre, não dados a muito vinho, não cobiçosos de torpe ganância; Guardando o mistério da fé numa consciência pura. E também estes sejam primeiro provados, depois sirvam, se forem irrepreensíveis. Da mesma sorte as esposas sejam honestas, não maldizentes, sóbrias e fiéis em tudo. Os diáconos sejam maridos de uma só mulher, e governem bem a seus filhos e suas próprias casas. Porque os que servirem bem como diáconos, adquirirão para si uma boa posição e muita confiança na fé que há em Cristo Jesus.” 1 Timóteo 3:1-13

A seguir, cada característica foi explicada a partir do original grego, com comentários.

1. IRREPREENSÍVEL

Do grego anepileptos, que significa “não apreendido, que não pode ser repreendido, não censurável, irrepreensível”. Não fala de ser perfeito, mas de alguém que não anda no erro e, então, não merece ser corrigido (fl 2.15). Aponta para o exemplo que se deve dar, seguindo o padrão ensinado por Cristo (Jo 13.15) e também pelos apóstolos (2 Ts 3.9)

2. ESPOSO DE UMA SÓ MULHER

É óbvio que o texto se refere à monogamia. Um presbítero, à semelhança de qualquer outro cristão não pode ter um caso ou relações extraconjugais. Por outro lado, também não pode ser alguém casado de novo, fora dos padrões bíblicos (Mt 19.9; 1 Co 7.39)

3. TEMPERANTE

Do grego nephaleos, significa “sóbrio, controlado, abster-se de vinho, seja totalmente ou pelo menos do seu uso imoderado”. Como em seguida Paulo cita ser sóbrio e não dado ao vinho, entende-se que a temperança em questão está relacionada ao comportamento diante das circunstâncias. A NVI traduziu como “moderado” e a Versão Corrigida de Almeida preferiu “vigilante”, enquanto que a Tradução Brasileira optou por “discreto”. A própria forma de falar pode refletir temperança (Cl 4.6)

4. SÓBRIO

Do grego sophron, significa “de mente sã, equilibrado, que freia os próprios desejos e impulsos, autocontrolado, moderado”. Fala de autocontrole – não só quanto à bebida, mas também com relação a cada aspecto da vida espiritual, emocional e física (2 Tm 4.5). A NVI traduziu o termo como “sensato”.

5. MODESTO

Do grego kosmios, significa “bem organizado, conveniente, modesto”. Fala de características como organização (pessoal e de trabalho), comportamento agradável e humildade. Versão Corrigida de Almeida traduziu como “honesto” e a Tradução Brasileira, “circunspecto”. Já a NVI, “respeitável”.

6. HOSPITALEIRO

Do grego philoxenos, significa “hospitaleiro, generoso para as visitas”. É um coração aberto e amoroso que permite que o próprio lar seja um lugar de acolhida. Essa característica revela alguém que se importa com os outros e não é egoísta (Hb 13.2)

7. APTO PARA ENSINAR

Do grego didaktikos, significa “apto e hábil no ensino”. Há um entendimento bíblico necessário para viver e ensinar a palavra de Deus em todos os aspectos, o que inclui a capacidade de correção e refutação do erro (Tt 1.9-11).

8. NÃO DADO AO VINHO

A palavra grega é paroinos e significa “dado ao vinho, bêbado”. Não proíbe a ingestão de bebida (Ef 6.18; 1 Tm 5.23), mas revela a necessidade de cuidado e atenção nessa área. (Gn 9.21; Pv 20.1)

9. NÃO VIOLENTO

Do grego plektes, significa “brigão, pronto para um golpe, contencioso, pessoa briguenta”. para de Almeida e a Tradução Brasileira traduziram como “não es pancador: Trata-se de quem se domina emocionalmente e não é pavio curto” (2 Tm 2.24).

10. CORDATO

Do grego epieikes, significa “aparente, apropriado, conveniente, equitativo, íntegro, suave, gentil.” Educação, amabilidade e simpatia. A NVI preferiu traduzir como “amável”, as versőes Corrigida de Almeida e Tradução Brasileira, “moderado”.

11. INIMIGO DE CONTENDAS

Do grego amachos, significa “irresistível, invencível, pacífico, que se abstêm de lutar”. A Versão Corrigida de Almeida traduziu como “não contencioso”, enquanto que a NVI optou por “pacífico”. Fala de alguém que não tem a briga (ainda que só verbal) ou a intriga como opção.

12. NÃO AVARENTO

Do grego aphilarguros, significa “que não ama o dinheiro, não avarento” A Tradução Brasileira utiliza “não cobiçoso” e a NVI, “não apegado ao dinheiro”. Refere-se a contentamento (Fl 4.11; Hb 13.5) e ausência de ganância (1 Pe 5.2).

13. QUE GOVERNE BEM A PRÓPRIA CASA

“…criando os filhos com disciplina, com todo o respeito (pois, se alguém não sabe governar a própria casa, como cuidará da igreja de Deus?)”. A família do líder deve ser referência e modelo ao rebanho. A principal razão de Deus ter eliminado a casa de Eli do exercício do sacerdócio foi justamente a desestrutura familiar (1 Sm 3.12-14)

14. NÃO SEJA NEÓFITO

“…para não suceder que se ensoberbeça e incorra na condenação do diabo”. A palavra “neófito” significa “novo na fé” e foi traduzida pela NVI como “recém-convertido” A maturidade advinda do tempo de caminhada cristã é essencial, uma vez que a palavra “presbítero” significa “ancião” e fala, como já vimos não de maturidade cronológica, mas espiritual (1 Tm 4.12).

15. TER BOM TESTEMUNHO DOS DE FORA

“a fim de não cair no opróbio e no laço do diabo”. A vida cristã deve primeiro ganhar o respeito dos que o conhecem no dia a dia, para depois servir de referência à igreja, caso contrário você será envergonhado e preso pelo inimigo.

16. DE UMA SÓ PALAVRA

A Tradução Brasileira usa expressão “não dobres em palavras” e a NVI, “homens de palavra”. Fala de compromisso com aquilo que se diz (Sl 15.4; Mt 5.37; Tg 5.12).

Uma lista como essa facilita a avaliação própria. Que viver tais qualificações seja a meta de todo ministro! Antes de seguir, porém, quero falar um pouco mais sobre o entendimento equivocado e muito comum de que os ministros são muito “julgados”, bem como considerados sem sua humanidade e capacidade de errar.

Em primeiro lugar, Deus não está pedindo demais quando exige ao líder uma conduta exemplar, até porque Ele é essencialmente justo e não pediria o que um homem não pode dar. Ele próprio é o modelo, o socorro bem presente, o refúgio, a força necessária para se viver de forma santa. Vale acrescentar que não se trata de perder a humanidade, porque o ministro continua na luta diária contra a carnalidade, afinal, ainda é homem. No entanto, assim como é necessário possuir qualificações específicas para exercer determinadas profissões, o ministério não pode ser exercido de qualquer forma e deve ser levado a sério. Deus estabeleceu requisitos e eles estão mais relacionados ao caráter do que aos dons, portanto não é opcional ter boa conduta, é eliminatório.

Por último, não apenas os olhos de Deus estão atentos ao procedimento do ministro, mas também os olhos dos liderados e do mundo, porque líderes não foram feitos para ficar embaixo do alqueire, mas no velador (“…para que vejam as vossas boas obras e glorifiquem a vosso Pai” Mt 5.15). Não existe como liderar e não querer ser visto. A questão é que os olhos alheios possuem o direito de olhar para o ministro – direito firmado pelo próprio Deus. Sim, Deus definiu que um homem tem direito de olhar para o comportamento de seu líder e, mais que isso, deve imitá-lo. Não há nada de errado nisso, por mais que muitos olhem de forma errada. O próprio Jesus, que precisa definitivamente ser tomado como referência, não reclamou de olhares; pelo contrário, Cristo atraía para si e para suas ações olhos nem sempre amáveis, nem sempre compreensíveis, mas sempre atentos. Isso não impediu o ministério de Cristo, muito menos sua postura firme por santidade, ainda que muitas vezes mal interpretada.

Por isso, ao desejar o ministério, o candidato precisa calcular o preço (Lc 14.28) custa caráter, custa qualificações sob moldes bíblicos e custa manter-se exemplo perante outros, dentro e fora da igreja.

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Autor: Luciano P. Subirá. É o responsável pelo Orvalho.Com – um ministério de ensino bíblico ao Corpo de Cristo. Também é pastor da Comunidade Alcance em Curitiba/PR. Casado com Kelly, é pai de dois filhos: Israel e Lissa.



Fonte: Orvalho.com

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