As fake news se tornaram uma nova questão a ser enfrentada pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE).
O tema voltou a ser destaque após o candidato à Presidência Fernando Haddad (PT) ter acusado seu adversário Jair Bolsonaro (PSL) de criar uma “organização criminosa de empresários que, mediante caixa 2, está espalhando via WhatsApp mensagens mentirosas”.
A acusação foi feita com base na reportagem do jornal Folha de S.Paulo da última quinta-feira (18), que alega que empresas estariam bancando uma campanha contra o PT nas redes sociais.
Por outro lado, a corrida presidencial também tem sido marcado por alegações falsas ditas por Haddad. Confira as principais declarações fake do petista, retiradas de entrevistas aos jornais CBN, G1, O Globo, Extra, Valor Econômico e revista Época:
“[Bolsonaro] fala: ‘Vou fechar o Supremo’. Passam a mão”.
É FAKE: Bolsonaro não falou que vai fechar o Supremo Tribunal Federal (STF). A especulação surgiu após um vídeo ter começado a circular no domingo (21), no qual seu filho, o deputado federal Eduardo Bolsonaro (PSL), afirmou que “se quiser fechar o STF (…) manda um soldado e um cabo”.
O vídeo é de uma palestra feita antes do 1º turno das eleições, em que o deputado fala que, se o STF impugnar a candidatura do pai, “terá que pagar para ver o que acontece”.
Questionado, Bolsonaro respondeu: “Isso não existe. Se alguém falou em fechar o STF, precisa consultar um psiquiatra”. Quando foi informado por jornalistas de que a declaração era do seu filho, ele afirmou que “alguém tirou de contexto”.
Seu vice, general Hamilton Mourão, disse que a declaração é “ruim”, mas a classificou como “arroubo juvenil”. Ele ainda acrescentou que a hipótese de fechar o STF em um eventual governo Bolsonaro “não existe”.
“[Bolsonaro] retirou, diga-se de passagem, porque (uma nova constituinte) também estava no plano de governo dele”.
É FAKE: O plano de governo de Bolsonaro não sofreu alterações desde que foi apresentado ao TSE em agosto deste ano. O projeto não cita a possibilidade de convocação de nova assembleia constituinte, mas mudanças pontuais como “7º Retirar da Constituição qualquer relativização da propriedade privada, como exemplo nas restrições da EC/81”.
Em setembro, durante um evento em Curitiba, o vice da chapa do candidato do PSL, general Hamilton Mourão (PRTB), defendeu a criação de uma nova Constituição feita por “notáveis”. No entanto, a declaração foi refutada por Bolsonaro.
“O Paulino [do Datafolha] disse que as fake news no Rio e em Minas fizeram toda a diferença na eleição”.
É FAKE: O diretor do Datafolha, Mauro Paulino, não afirmou isso. Nesta terça-feira (23), Paulino reforçou que em nenhum momento disse que a “intensa onda de última hora”, com o voto para governador e senador atrelado ao voto de Bolsonaro, foi provocada por “fake news”.
“Estudos complementares podem chegar a essa provável conclusão, mas nunca fiz tal afirmação”, disse Paulino.
Na quinta-feira passada (18), Paulino escreveu no Twitter que as pesquisas eleitorais “evidenciaram a impulsão da onda nos momentos finais” e que “RJ, MG e DF são claros exemplos”. Ele também disse que o conteúdo de sua publicação foi “deturpado” e que o “alcance imediato e amplo das mensagens distorcidas” comprovam o perigo e o mau uso das redes.
“Eu dobrei as vagas das universidades públicas”
NÃO É BEM ASSIM: Quando Haddad tomou posse como ministro da Educação no governo Lula, em 2005, o número total de vagas oferecidas em universidades, centros universitários, faculdades, escolas e institutos públicos no Brasil era 313 mil, de acordo com o Censo da Educação Superior, realizado anualmente pelo Inep.
Já em 2012, ano em que Haddad deixou o cargo para concorrer à Prefeitura, o número total de vagas oferecidas foi de 539 mil. Houve, portanto, um aumento de 72%, mas não o dobro. Se forem consideradas apenas as universidades, o aumento é ainda menor: 67%.
“Você defender uma saída democrática para Venezuela não é defender o governo [Maduro]”.
NÃO É BEM ASSIM: A declaração de Haddad foi sobre a posição do candidato em relação ao apoio do PT ao presidente da Venezuela, Nicolás Maduro. O PT defende publicamente o governo de Maduro e uma das mais enfáticas é Gleisi Hoffmann, presidente do partido.
No dia 18 de setembro deste ano, a comissão executiva do PT divulgou nota contra a possibilidade de intervenção militar na Venezuela, após declarações do secretário-geral da Organização dos Estados Americanos (OEA), Luis Almagro.
O documento do partido afirma que o governo venezuelano foi eleito “democraticamente em eleições sérias e transparentes”.
Em julho de 2017, artigo assinado por Gleisi e Mônica Valente, secretária de Relações Internacionais do PT, defendeu a Constituinte convocada pelo governo de Maduro e atribuiu a desestabilização do país à oposição.
“Há pelo menos dois anos, resiste aos golpes da oposição, a qual iniciou um violento processo de desestabilização política que mergulhou a nação no caos. Assim, os opositores de Maduro alimentam uma polarização que deixou mais de cem mortos, de ambos os lados”, diz o texto.
Gleisi ainda defendeu o regime em discurso durante o 23º Encontro do Foro de São Paulo, em julho do ano passado. “O PT manifesta seu apoio e solidariedade ao governo do Partido Socialista Unido da Venezuela, seus aliados e ao presidente Nicolás Maduro em face da violenta ofensiva da direita contra seu governo”, declarou.